Por Laudson Diniz
Os exibidores nacionais já estão há algum tempo se movimentando em direção a digitalização inevitável. No entanto muito trabalho ainda tem que ser feito. O Brasil está 70% abaixo da média mundial quando se trata da digitalização dos cinemas: a Agência Nacional do Cinema (Ancine) indica que atualmente apenas 30% das cerca de 2.500 salas brasileiras estão digitalizadas. Para acelerar este processo, o governo brasileiro definiu o ano de 2014 como meta para que todas as salas de cinema passem do modo analógico para o digital.
Os principais entraves teoricamente foram quebrados com a desoneração e o lançamento da nova linha de financiamento do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). No entanto, o processo de aprovação de crédito pode ser um obstáculo para o alcance da meta, além dos acordos de VPF (Virtual Print Fee), os quais os exibidores ainda estão avaliando qual seria a melhor opção. Comum em outros países, o VPF consiste no pagamento feito pelo distribuidor por cada filme beneficiado pelas salas digitais.
Hoje o principal desafio é a própria migração de cultura dos cinemas, que passam a utilizar tecnologia em todo seu processo, desde a programação que alguns ainda fazem no papel até o controle online da bilheteria. Os profissionais de exibição precisam de uma atualização e os fabricantes estão cada vez mais investindo em treinamentos no Brasil.
A Cinelive, por exemplo, lançou neste ano a Cineduca, uma ferramenta voltada para a capacitação e atualização de profissionais, na qual a equipe de projeção dos cinemas tem contato com conteúdos ministrados pelos fabricantes dos projetores digitais por meio de um site para suporte dos cursos ministrados, ao vivo, nos cinemas.
Mas é importante ressaltar que o principal beneficiário desta digitalização, sem dúvida, é o grande público. Os cinemas deixam de ser apenas um lugar para exibição de filmes e passam a ser um local com uma infinidade de aplicações, exibindo conteúdo em alta definição como shows, óperas e jogos esportivos, fortalecendo a implantação de salas especiais com serviços diferenciados ou formatos especiais como o 4D. Até o setor corporativo tem muito a ganhar, uma vez que é possível transmitir treinamentos e palestras para funcionários espalhados pelo país simultaneamente.
*Laudson Diniz é gerente executivo da Cinelive, pioneira em transmissão de conteúdo digital via satélite para cinemas
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